Teus olhos fechados, o sol bordando o céu, passos rápidos, cabelos ao vento, no ar um perfume de castanha, doce, és menina, anjo de um outono brando.
A grama molhada, um céu de vidro, blindando as nuvens escuras que me percorrem a alma.
E você invadindo cada espaço do meu corpo, seu aroma pousando em minhas células, seus sorrisos ao vento, sua presença inacabada no meu pensamento.
És meu escudo contra as bofetadas da insônia que me aperta forte, te vejo em detalhes pequenos, assim como sinto você saindo todas as manhãs, tão bela feito fada, vestida de sol, coberta de luz ...
... Tú nem percebes que te espero, todas as tardes sobre a grama gelada, olhando para o horizonte, planejando sonhos, apenas meus, e de longe te encontro, finges que não me vês.
Dispo minha vergonha, me escondo no muro da solidão, e me vês sombrio, longe de seu encontro.
A fragância dos seus sonhos me mostram um passado, aquele que ficou enterrado, no fundo dos nossos abismos, te sigo invisível pelas ruas, te guardo do medo...
Toco seu rosto através da chuva fina me desfaço em lágrimas.
E respondo ao seu sorriso tímido, pelas arestas da minha alegria doída.
E continuas a caminhar... Um leve vento te persegue, posso ouvir o seu suspirar.
A leveza de sua sombra me eleva, caminho contigo, sem que me vejas, protejo teus sonhos, te trago comigo.
Cúmplices do mesmo destino, unidos pelos sonhos, separados pelo coração.